A Brucelose, também conhecida historicamente como Febre de Malta ou Febre Ondulante, é uma zoonose de grande relevância global, ou seja, uma doença transmitida de animais para seres humanos. É causada por bactérias do gênero Brucella. Esta infecção sistêmica pode afetar múltiplos órgãos e sistemas, apresentando um quadro clínico extremamente variável, o que frequentemente dificulta e atrasa o seu diagnóstico. A doença é endêmica em muitas partes do mundo, especialmente em regiões do Mediterrâneo, Oriente Médio, Ásia Central e América Latina, onde a pecuária e o consumo de produtos lácteos não pasteurizados são comuns.
A principal via de transmissão para humanos ocorre através do contato direto com animais infectados ou pela ingestão de produtos de origem animal contaminados, principalmente leite e seus derivados (queijos, manteiga) que não passaram pelo processo de pasteurização. A doença representa um significativo problema de saúde pública e um risco ocupacional para determinados grupos, como veterinários, trabalhadores de matadouros, fazendeiros, pecuaristas e profissionais de laboratório. A sua apresentação clássica com febre que sobe e desce (ondulante) deu origem a um de seus nomes populares, mas nem todos os pacientes manifestam este padrão.
Devido à sua sintomatologia inespecífica, que se assemelha a muitas outras doenças febris como gripe, malária ou tuberculose, a Brucelose é frequentemente subdiagnosticada ou diagnosticada tardiamente. Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado são fundamentais para evitar a progressão para a forma crônica da doença e o desenvolvimento de complicações graves e debilitantes. A erradicação da doença em humanos está diretamente ligada ao controle e à erradicação da Brucelose nos rebanhos animais, destacando a importância de uma abordagem de “Saúde Única” (One Health), que integra a saúde humana, animal e ambiental.