O Botulismo é uma doença neuroparalítica grave, rara, mas com potencial fatal, causada pela ação de uma potente neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Esta bactéria é anaeróbica, o que significa que prospera em ambientes com baixo teor de oxigênio, e seus esporos são amplamente encontrados na natureza, como no solo, na poeira e em sedimentos aquáticos. A doença não é transmitida de pessoa para pessoa, mas sim pela ingestão da toxina pré-formada em alimentos, pela ingestão dos esporos (principalmente em lactentes) ou pela contaminação de feridas.
A gravidade do Botulismo reside na capacidade da neurotoxina botulínica, uma das substâncias mais letais conhecidas, de bloquear a comunicação entre os nervos e os músculos. Isso resulta em uma paralisia flácida descendente, que começa tipicamente na face e nos olhos, progride para os membros e, nos casos mais graves, atinge os músculos respiratórios, levando à insuficiência respiratória e à necessidade de ventilação mecânica. O diagnóstico precoce e o tratamento imediato são cruciais para a sobrevivência e para a redução da gravidade e duração da doença.
Epidemiologicamente, o Botulismo é classificado como uma doença rara em todo o mundo. No Brasil, a forma mais comum é o botulismo alimentar, frequentemente associado ao consumo de conservas caseiras ou industriais produzidas sem os devidos cuidados de higiene e esterilização, como palmito, picles e embutidos. O botulismo infantil também ocorre, afetando bebês com menos de um ano de idade. Por ser uma emergência de saúde pública, a notificação de qualquer caso suspeito é compulsória e imediata, permitindo uma rápida investigação para identificar a fonte de contaminação e prevenir novos casos.